Por Opera Mundi
Terça-feira, 2 de julho de 2013
A Comissão Eleitoral Australiana, órgão que regula o sistema eleitoral do país, aprovou nesta terça-feira (02/07) o registro do Partido Wikileaks que, com essa decisão, está autorizado a concorrer formalmente à eleição legislativa marcada para 14 de setembro.
A medida possibilita também que o fundador do site Wikileaks, o ex-hacker e jornalista Julian Assange, retido há mais de um ano na embaixada equatoriana em Londres, concorra a uma vaga no Senado. Caso ele vença a disputa eleitoral, existe a possibilidade de ele obter imunidade diplomática e deixar o local.
O Wikileaks afirma que, no caso de Assange continuar impedido de deixar a capital britânica mesmo vencendo a eleição, um suplente poderá ocupar sua vaga. A legenda deverá concorrer ao Senado em pelo menos três estados australianos (Nova Gales do Sul, Victoria e Austrália do Oeste).
Comandado por um conselho nacional de onze membros, o novo partido funciona como braço politico da organização Wikileaks, responsável por vazar centenas de milhares de documentos governamentais e diplomáticos secretos, em sua maioria, dos Estados Unidos. Assange é o único candidato anunciado, para concorrer à vaga no estado de Victoria, região onde se situa a cidade de Melbourne.
A decisão de Assange em concorrer ao Senado australiano foi anunciada em março de 2012, por meio do Twitter da organização. O pedido de formalização do partido foi enviado em março deste ano.
Segundo o coordenador de campanha do partido, Greg Barns, há um grande número de pessoas interessadas em contribuir e militar pelo partido, que já conta com pelo menos 1.300 contribuintes. Barns também afirma que, inicialmente, o partido estará focado em temas como mudança climática, política para refugiados e política tributária.
A Constituição do partido afirma que entre as principais bandeiras defendidas estão a proteção dos direitos humanos e da liberdade; maior transparência, fornecimento de informação e prestação de contas por parte do governo e da iniciativa reconhecimento de igualdade entre diferentes gerações; e direito à autodeterminação dos povos aborígenes e das ilhas Torres Strait (arquipélago ao norte do país).
Reprodução
Já o chefe-executivo da legenda, John Shipton, afirmou que a bandeira principal do partido será a luta por maior transparência e prestação de contas por parte do governo, assim como a luta pelos direitos humanos.
Além do Wikileaks, a comissão australiana também aprovou o registro do Partido Eutanásia Voluntária.
Entenda o caso
Assange enfrenta duas acusações por abusos sexuais na Suécia e se encontrava em prisão domiciliar no Reino Unido até a decisão da justiça local em extraditá-lo ao país escandinavo. O jornalista nega as acusações e teme que, uma vez em território sueco, seja levado para os Estados Unidos, onde poderá ser processado por espionagem e fraude, o que prevê pena de morte ou prisão perpétua.
Inimigo de Washington por ter difundido centenas de milhares de documentos secretos diplomáticos e militares, Assange está detido em Londres desde 7 de dezembro de 2010: dez dias em isolamento e 590 em prisão domiciliar. De lá, ele conseguiu fugir e se refugiar na embaixada equatoriana, onde se mantém recluso desde 19 de junho de 2012. O asilo político foi concedido em 16 de agosto do mesmo ano.
Comissão eleitoral australiana aprova registro do Partido Wikileaks
Medida viabiliza participação de Julian Assange na eleição legislativa de setembro