A maneira de reagir a manifestações e fenômenos de comportamento revela muito sobre setores da sociedade. Com o rolezinho não está sendo diferente. A resposta dada ao movimento de jovens que se reúnem para dar um “rolê” em shoppings escancarou ainda mais o reacionarismo de parcela do nosso país.
Por Blog do Zé Dirceu
Os rolezinhos são legítimas manifestações culturais e de comportamento dos jovens da periferia. Foram recebidos, no entanto, pela reação discriminatória e policialesca dos setores mais reacionários do empresariado, das camadas médias altas e da Justiça de São Paulo, que concedeu liminar para barrar tais manifestações.
Esses setores têm seus interesses incorporados pelo governo Geraldo Alckmin, que se traduzem em repressão policial. Antes do diálogo, a pancada: essa parece ser a linha atuação da Polícia Militar tucana. Algo já apontado incansavelmente neste blog pelo ex-ministro José Dirceu.
Esse filme não é novo. Há menos de um ano, a mesma polícia do mesmo governo reprimiu violentamente manifestantes que pediam a redução da tarifa de transporte em São Paulo. Foi o suficiente para os atos ganharem força não só no Estado, mas em todo o país. Na ocasião, a mídia conservadora e a direita tentaram se apropriar das manifestações. Fiquemos atentos à repetição da farsa.
Solidariedade ao rolezinho
O momento exige solidariedade aos rolezinhos. Militantes do PT, governos do partido e seus parlamentares fazem bem em defender o direito de circulação e de manifestação da periferia. A disposição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de conversar com os jovens da periferia, diz muito sobre o nosso modo de governar.
Esperamos poder aplaudir a participação dos movimentos sociais e da juventude petista nos próximos eventos.
O rolezinho, que começou praticamente como uma brincadeira em São Paulo, já não representa apenas isso. E não representa justamente pela resposta dados pelos setores já mencionados acima. Representa, agora, a afirmação do direito de manifestação, de ir e vir, de se expressar livremente, de ocupar espaços públicos, do respeito ao próximo, da convivência civilizada entre diferentes classes.
O apoio ao rolezinho é fundamental para que ele possa voltar a ser o que era: uma simples brincadeira entre jovens.
Não deixem de ler, também, a propósito de rolês, o artigo do colunista André Singer, na Folha de S.Paulo de hoje, publicado sob o título “A hora da política”. Vejam, num dos trechos ele afirma: “(…) segmentos de classe média têm reagido com verdadeiro ódio às tímidas mudanças do último decênio. Uma atitude segregacionista, que estava encoberta pela relativa passividade dos dominados, veio à tona quando os estratos antes excluídos começaram a ocupar aeroportos, frequentar clínicas dentárias e a encher as ruas de carros. Visto em retrospecto, é óbvio que chegariam aos shoppings”.
O que está em jogo com o rolezinho
Os rolezinhos são legítimas manifestações culturais e de comportamento dos jovens da periferia. Foram recebidos, no entanto, pela reação discriminatória e policialesca dos setores mais reacionários do empresariado, das camadas médias altas e da Justiça de São Paulo, que concedeu liminar para barrar tais manifestações