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Contra as discriminações

“Por mais que existam disputas eleitorais, um governo tem que atender a toda a população da mesma maneira”
Por Caravana Horizonte Paulista
ete padilha
Com 1,3 milhão de habitantes, a cidade de Guarulhos, a 19 quilômetros da capital, é o segunda mais populosa de São Paulo. Na quinta-feira 13, a Sabesp anunciou a ampliação do racionamento de água no município, que já atingia 210 mil moradores e passará a afetar 1 milhão de guarulhenses.
A Caravana Horizonte Paulista chegou no mesmo dia à cidade administrada pelo prefeito Sebastião Almeida, do PT, que se mostra desconsolado com a notícia.  “Já tínhamos um déficit de 500 litros por segundo, o que fazia com que Guarulhos vivesse um rodízio muito duro nesses últimos anos. Agora reduziram mais 400 litros por segundo. Isso é ausência de planejamento por parte do governo do PSDB. Os problemas do Sistema Cantareira vêm de 2009, e só foram aumentando cada vez mais”, afirma Almeida, na manhã de sexta-feira, durante encontro do coordenador da caravana, Alexandre Padilha, com os setores empresarial, industrial e comercial de Guarulhos.
“Por mais que existam disputas eleitorais, um governo tem que atender a toda a população da mesma maneira”.
Infelizmente, o governo tucano nos deu mais um exemplo contrário a isso”, concorda o deputado estadual petista Alencar Santana, que representa Guarulhos e a região do Alto Tietê. “Todo mundo está vivendo uma crise de água. Está chovendo pouco. O governo estadual não quer fazer racionamento, diz que não vai fazer. Mas faz justamente em Guarulhos, e somente nela? Será que não tem alguma coisa errada nisso?”
Padilha se solidariza com o prefeito e com a cidade governada pelo PT: “Ninguém pode querer governar discriminando, desrespeitando. Não pode. É inadmissível que o prefeito da segunda maior cidade do estado saiba por e-mail que vai ter 400 litros de água a menos por segundo. É preciso respeito, cooperação e sinceridade em relação às atitudes que estão sendo tomadas”.
Na reunião com o empresariado, repetindo o que fizera na noite anterior na festa de seu aniversário, aberta à militância petista, o deputado Santana denuncia outras atitudes discriminatórias por parte do governo estadual. “Não é justo que a área central e as áreas nobres da cidade de São Paulo tenham delegacias de polícia lindas e maravilhosas e na periferia e nas cidades vizinhas as DPs estejam caindo aos pedaços. Isso é preconceito.”
Segue Santana: “Na área da mobilidade não é diferente. Depois de muitos anos de atraso, a obra do trem para Guarulhos começa a sair do papel. O metrô parece que é só da capital. Até hoje, só existe na capital. Por que não em Guarulhos, Osasco, São Bernardo?”.
Em rápido discurso no aniversário do deputado, Padilha fala da discriminação social institucionalizada, que percebeu na viagem de metrô e trem para Mogi das Cruzes, no início da visita ao Alto Tietê: “O que mais me impressionou na vinda é a nítida diferença de tratamento á região metropolitana. No centro, há a preocupação de que o metrô esteja bonito, mas conforme se avança à periferia os trens são cada vez mais cheios e mais velhos”.
As queixas de discriminação transcendem a questão político-partidária. Na reunião com empresários, quem dá testemunho equivalente é Aarão Ruben, presidente da Associação dos Empresários de Cumbica (Asec): “Se existisse bullying de municípios, Guarulhos era vítima de bullying. Quando as obras chegam à divisa de São Paulo, do lado de cá é só mato. Temos de provar ao governo do estado que Guarulhos não é periferia da zona norte nem da zona leste de São Paulo”.
A fala de Ruben coloca a nu, como de praxe, o viés carcerário da política social do atual governo. “As únicas grandes obras do governo estadual nos últimos 20 anos em Guarulhos foram dois presídios”, afirma. A caravana atestará as palavras do empresário em visita à estação de tratamento de esgoto Várzea do Palácio, do alto da qual se avistam, bem perto, dois grandes presídios, um de cada lado da rodovia. Ao todo, Guarulhos possui quatro desses complexos penitenciários.
Ruben prossegue: “O aeroporto de Cumbica não beneficia só o Alto Tietê, beneficia São Paulo e o Brasil. A avenida Jacu-Pêssego não é uma obra para Guarulhos, é uma ligação de extrema importância para a economia do país. O governo participa da obra até o limite entre os municípios, mas aqui não participa, como se Guarulhos não fizesse parte do país ou do estado de São Paulo”.
Padilha aborda a mobilidade, por terra e por ar: “O investimento federal no aeroporto internacional, que vai dobrar a capacidade de passageiros, tem um peso decisivo para a cidade. Guarulhos tem um grande potencial, precisa se apropriar desse investimento para dar um grande salto. O metrô precisou do dedo do governo federal, para ultrapassar os limites da capital”.
Sobre discriminação, seja ela partidária, econômica ou social, o ex-ministro de Lula e Dilma reitera a visão de que é preciso desenvolver cada população, cada município e cada região pra que o Brasil e os brasileiros, como um todo, se desenvolvam.
O aprendizado, ele sempre faz questão de lembrar, vem dos anos em que foi ministro das Relações Institucionais de Lula. “Ele dizia: ‘Padilha, quando você encontrar um prefeito, pode perguntar qualquer coisa para ele, até para qual time torce. Só não pode perguntar de que partido ele é’.” Noutras palavras, Padilha, Almeida e Santana parecem querer dizer que governar apenas para alguns não é governar.
Por Pedro Alexandre Sanches – Repórter Especial

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