Nesta segunda-feira (3), Alexandre Padilha passou o cargo de ministro da Saúde para o médico sanitarista Arthur Chioro; leia íntegra do discurso
Em evento realizado nesta segunda-feira (3) no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff deu posse aos novos ministros da Casa Civil, Educação, Comunicação Social e Saúde. Neste último, o médico Arthur Chioro assumiu o Ministério da Saúde no lugar de Alexandre Padilha.
Em discurso de transmissão de cargo, Padilha agradeceu a presidenta e a equipe do ministério. Lembrou, em especial, do Programa Mais Médicos Para o Brasil – implantado pela pasta em 2013 com o objetivo de suprir a carência de profissionais nas regiões necessitadas do País.
Assista ao discurso
Leia abaixo a íntegra do discurso de Alexandre Padilha
Hoje, diante de tantos convidados com os quais convivi nesses dez anos em Brasília – servidores do Ministério da Saúde, da presidência da Republica, ex-ministros Humberto Costa, José Gomes Temporão, prefeitos, parlamentares, membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional de Saúde, colegas ministros, ministras Miriam Belchior e Eleonora, e gestores federais, estaduais e municipais — quero fazer um agradecimento a todos vocês.
Quero começar fazendo um agradecimento à Presidenta Dilma e toda a minha equipe, em especial ao Secretário Mozart Sales, pelo esforço do Programa Mais Médicos Para o Brasil.
Sou de uma geração de médicos que iniciou o curso de Medicina nos primeiros momentos de construção e criação do SUS, a mais de vinte anos atrás. Junto comigo tinham outros que hoje estão aqui como: Odorico, Rogério Carvalho, hoje deputado, Felipe Proenço, Adriano Massuda, secretário de Curitiba, André Longo, diretor da ANS, Mônica, Alcindo Feller, que está na universidade. Uma coisa nos angustiava naquela época: nosso curso estava distante da realidade do povo brasileiro e das mudanças que ocorriam na saúde na construção do SUS. Vários de nós, como eu, chegamos a interromper nossos cursos por mais de um ano para buscar mudar aquela situação.
Até hoje, não existe um estudante de medicina, um médico especialista que não tenha usado o SUS para se formar. Até um cirurgião plástico que tenha só uma clínica privada de estética só consegue trabalhar porque aprendeu a técnica cirúrgica nos pacientes do SUS. Entretanto, não oferecemos a qualidade de atendimento que nossa população merece. Na época, nós já dizíamos: “Chega de aprender nos pobres pra só querer cuidar dos ricos”.
O Mais Médicos é o ato mais corajoso tomado por um Presidente da República para resgatar o compromisso com a Saúde de quem mais precisa. Neste mês de fevereiro, já vamos chegar a mais de nove mil profissionais do programa Mais Médicos. Até o final de março, serão 13 mil. Muita gente brincou quando eu comprei a briga do Mais Médicos, que eu havia comprado a maior briga da história da saúde pública depois da Revolta da Vacina, presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. Mas, todo dia, ao chegar no ministério, lia no busto de Oswaldo Cruz que está aqui na frente na porta: “não esmorecer para não desmerecer”.
Para mim, essas são atitudes, números e pessoas que simbolizam as virtudes dos dois governos: o do presidente Lula e o da presidenta Dilma, aos quais servi durante os últimos dez anos em Brasília.
Eles revelam a coragem de governos que ousam investir em soluções inovadoras para fazer o que realmente importa: melhorar a vida da população do nosso País.
O Mais Médicos é um programa que mostra que, para atender aqueles que não têm voz, o PT e seus partidos aliados dialogam com corporações, Congresso, prefeituras e Estados — e, no meu caso, mais ainda, porque enfrentei parte da minha própria categoria de médicos e respondi a todas as dúvidas de parlamentares, prefeitos e governadores. Mas quando o diálogo é honesto, o resultado é positivo.
O Mais Médicos fez o governo vencer obstáculos políticos, administrativos e de logística, e isto sim é gestão. Mas também mostrou que as carências no Brasil ainda são muito fortes, mesmo nos Estados mais ricos. Nem todo mundo sabe, mas os Estados que mais pediram médicos ao programa foram justamente São Paulo e Minas Gerais.
E o fato de São Paulo e Minas Gerais, dois Estados governados pelo PSDB, serem os que mais pediram e receberão médicos revela a grandeza do governo Dilma. A grandeza de ouvir o clamor das pessoas que mais precisam e dos prefeitos de todos os partidos destes dois estados, e não o diagnóstico incorreto de algumas lideranças políticas de São Paulo e de Minas Gerais.
Um de seus líderes, por exemplo, deu uma demonstração absoluta de falta de sensibilidade com o sofrimento humano ao afirmar que não faltavam médicos no Brasil e no seu Estado, talvez por não enxergar os que mais precisam, no estado mais rico da Federação.
O outro a cada mês propõe medidas que, na prática, inviabilizam a presença de médicos, sobretudo os cubanos, em áreas nunca antes atendidas pelo nosso país. Sinceramente, depois de tudo que vi na minha cidade, no meu Estado, no meu País, posso afirmar com segurança: só quem tem acesso a médico com um estalar de dedos pode ser contra levar mais médicos para a população que mais precisa.
Monteiro Lobato, nosso paulista do Vale do Paraíba, dizia que “só quem está sendo asfixiado sabe que o ar existe “. Mas o Mais Médicos não se preocupa só em garantir o atendimento imediato. Este programa agora é a Lei que vem preencher a imensa guinada de valorização da atenção básica em saúde destes três anos de gestão.
Quero aqui fazer um agradecimento especial ao Dr. Heider e a toda a equipe do Departamento de Atenção Básica. Tenho muito orgulho de vê-los na minha equipe. Nestes três anos, inovamos ao destinar, pela primeira vez, mais de 15% do orçamento do Ministério da Saúde para a Atenção Básica.
Pela primeira vez, os municípios puderam obter recursos fundo a fundo do governo federal para estruturar suas unidades básicas de saúde e quero fazer um agradecimento à ministra Mirian Belchior que coordena o Programa de Aceleração ao Crescimento.
Também criamos o Melhor Em Casa e o Consultório na Rua, que leva cuidado em casa ou aonde as pessoas optam por morar e viver aos pacientes do SUS. Criamos novos sistemas de gestão para a Atenção Básica e colocamos de graça para os municípios. Começamos a levar a banda larga às unidades básicas. Reforçamos como nunca o Brasil Sorridente e a política de promoção de atividade física e hábitos alimentares saudáveis.
Outra grande inovação foi termos criado um programa de qualidade na Atenção Básica que incentiva os municípios a atenderem melhor ao passar mais recursos do ministério a quem se compromete a aperfeiçoar o atendimento.
Preciso agradecer a presidenta Dilma também por ter tomado uma decisão que nos levou a vários saltos de inovação. Foi com um decreto Presidencial que o Ministério da Saúde passou a fazer parte do Conselho Nacional de Política Industrial.
Foi uma decisão importante para que pudéssemos ampliar as parcerias para o desenvolvimento produtivo que trarão mais tecnologia na área da saúde para nossos laboratórios, empresas e profissionais.
Temos hoje mais de cem parcerias que estão modernizando a indústria, empresas, sofisticando nossa produção, recuperando, como no caso da Bahiafarma, laboratórios públicos que estavam parados, criando empregos de mais qualificação. Essas parcerias já entregam medicamentos e vacinas ao SUS, a preços cada vez menores, que representam uma economia de quatro bilhões de reais – olha aí, ministra Miriam Belchior – por ano para o Ministério da Saúde. Nestes três anos, revertemos legados malditos, fruto da ausência de uma política industrial no nosso país nos anos 90.
O Brasil, nos anos 90, deixou de ser um produtor de insulina, voltou a ser parte do seleto grupo de cinco países que detém essa tecnologia. O Brasil, que nos anos 90, perdeu a oportunidade de ser um produtor na farmacoquímica, colocou um pé na produção moderna dos biológicos para o câncer, doenças do sangue, doenças inflamatórias e crônicas. O Brasil importador de equipamentos passará a produzir aqui, com empregos em solo brasileiro, equipamentos de radioterapia, de fabricação de stants para o coração e equipamentos para hemodiálise.
E tem mais um beneficio às famílias brasileiras por causa dessas mudanças para as parcerias de desenvolvimento produtivo. É a vacinação contra o vírus do HPV. Neste ano, nada menos que cinco milhões de pré-adolescentes do Brasil — meninas de onze a treze anos de idade –, ganharão as duas primeiras doses da vacina, que está sendo produzida numa parceria entre um laboratório americano e o Instituto Butantan de São Paulo, graças ao Ministério da Saúde.
Esta é uma parceria decisiva para recuperar essa grande instituição pública. Até receber essas encomendas do Ministério da Saúde, o Butantan estava diante dos dois destinos possíveis, que vimos acontecer, Paulo Gadelha, em muitas instituições federais nos anos 90, no Brasil: o sucateamento ou a privatização. Ou, na verdade, ambos.
Apoiar a recuperação do Butantan é algo de que me orgulho particularmente. Cresci no bairro do Butantã, em São Paulo, e foi nos jardins do Instituto que eu e tantas outras crianças sonhamos em fazer ciência para a saúde pública aqui no Brasil.
Essa nossa parceria permite ao governo oferecer vacinas modernas e ajuda as famílias brasileiras a economizar. Vocês sabiam que se uma mãe fosse levar sua filha de onze anos para vacinar contra o HPV numa clínica privada, ela iria gastar quase mil reais? Mas agora o SUS vai dar essa vacina como direito, protegendo nossas futuras mulheres em relação a uma das maiores causas de morte de mulheres no Brasil, o câncer de colo de útero.
Aliás, em 2014, forneceremos na rede pública todos os tipos mais modernos de vacinas que até 2011 só existiam na rede privada. É o governo do Brasil gerando proteção e uma economia de três mil a quatro mil reais para cada família brasileira. E assinalo, mais de 90% dessas vacinas são fruto do trabalho e dedicação de empregos aqui em solo brasileiro.
Mostramos, nestes anos, que esta determinação de estimular investimentos nacionais e internacionais da indústria, gerando emprego, tecnologia e renda para os brasileiros, de forma combinada com a ampliação do acesso a estes medicamentos, é um caso que nos diferencia em relação à política industrial de outros países.
Sob a coordenação do Ministério da Saúde, o aumento do investimento da nossa indústria pública e privada, e do varejo, esteve combinada, por exemplo, com o aumento em sete vezes o número de pessoas que pegaram remédio de graça para hipertensão, diabetes e asma no Aqui Tem Farmácia Popular e a inédita redução de internações por hipertensão, diabetes e asma no nosso país.
O investimento nacional e internacional na produção de biológicos, gerando empregos de alta tecnologia, esteve combinado à incorporação ao SUS de medicamentos modernos para o câncer de mama e artrite reumatoide, entre outros, que custariam de 10, 15, 20 mil reais para as famílias brasileiras.
Quero agradecer profundamente, primeiro ao ministro Temporão, todas as equipes da SCTIE, da Fiocruz, da Hemobras e da Anvisa, em nome do Carlos Gadelha, do Paulo Gadelha, do Romulo e do Dirceu Barbano, que tiveram a disposição para conduzir este tema inovador para o SUS e para nós sanitaristas.
Para tudo isso, tivemos coragem, determinação e capacidade de articulação política para mudarmos, nesses três anos, as leis que precisavam ser mudadas. Criamos a Comissão nacional de incorporação de tecnologia no sus por lei, Mudamos a lei de inovação, mudamos a lei de licitação, todas essas aceleraram a inclusão de novas tecnologias no SUS, estimulamos mudanças na Anvisa e conduzimos um diálogo com todo o complexo econômico da saúde, publico e privado. Pautado por motes que me guiarão por toda a minha vida de gestor público. Em primeiro lugar, o diálogo, em segundo luigar, a ousadia – eu não vim para fazer mais do mesmo -, em terceiro lugar, a previsibilidade – quem quer investir, quer saber a regra do jogo – e por último, a credibilidade – entregamos tudo aquilo que foi combinado com o Complexo Industrial e de Serviços da Saúde.
Nestes três anos, mostramos que o Ministério da Saúde é capaz, sim, com a ajuda do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio, da Fazenda, do Planejamento, do BNDES, da Finep, do Ministério das Ciências e Tecnologia de coordenar uma política industrial, talvez a mais inovadora de todas neste período, que garante segurança aos pacientes, economia para as famílias, empregos de alta tecnologia e, sobretudo, sustentabilidade para nossos passos no futuro de ampliação do SUS.
Quero agradecer ao Secretário Helvecio e a toda a equipe da SAS, por esses anos de esforço criativo. Sabemos de toda a sua dedicação, Helvécio, e empenho para mudarmos a lógica de financiamento do ministério em apoio aos estados e municípios e fortalecermos o conceito de redes de saúde.
Pode ter certeza que seu esforço terá impacto no SUS, as redes de urgência, a Rede Cegonha, do câncer, da saúde mental, pessoas com deficiência, a mais nova politica assinada para pessoas com doenças raras, já movem os gestores estaduais e municipais e os filantrópicos e associados para outro caminho. Mas quero agradecê-lo profundamente por um resultado trabalho seu e da sua equipe que não teríamos conseguido sem a sua história e a sua capacidade de negociação típica dos mineiros: jogamos uma pá de cal na lógica perversa da tabela SUS, inaugurando uma nova relação com as Santas Casas e os Filantrópicos. Criamos um modelo de que até os mais críticos estão correndo atrás para alcança-lo.
Tabela é coisa de supermercado. Saúde não pode ser vista como mercadoria. Por isso, o recurso do Ministério da Saúde tem que ser repassado para estimular mais qualidade no atendimento, e não uma fábrica de procedimentos. Quem se interna em um hospital, não quer saber se fará um, dois ou três exames. O paciente quer é ser bem atendido, de forma humanizada, e voltar o mais rápido possível para sua família. É isto o que temos que estimular! Inclusive com incentivos financeiros e ações que criamos.
Agradeço também a todas as entidades e direções de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos pela relação respeitosa e pela construção que nós fizemos nesses três anos. O trabalho de vocês junto com o Helvécio criou o novo incentivo para contratos entre gestores e as Santas Casas; criou o programa que troca dívidas históricas por mais atendimento, criou o programa que reduz impostos para quem investe em instituições para o tratamento do câncer e pessoas com deficiência. Todas essas medidas iniciaram um novo caminho na relação do SUS com hospitais e serviços que foram fundamentais para sua construção. Que nos sigam aqueles que estão genuinamente preocupados com a saúde dos brasileiros, e não em tratá-los como mercadorias.
Quero agradecer aos Secretários Jarbas Barbosa e Antônio Alves e suas equipes pelo empenho em duas áreas fundamentais para mim, como médico e infectologista.
Para quem dedicou parte da sua vida para o controle e cuidado de endemias, foi uma honra receber do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, o reconhecimento ao Brasil pela meta do milênio alcançada no controle da Tuberculose. Também foi uma honra receber do Unicef o reconhecimento de país que mais reduziu a mortalidade infantil nas Américas, que mais reduziu a mortalidade infantil entre os BRICS e que reduziu proporcionalmente mais a mortalidade infantil do que os países de renda médio-elevada. Também foi uma honra receber da ONU, e quero agradecer também ao Fabio Mesquita e a todo o Departamento de DST/Aids, receber da UNAIDS e da OMS o reconhecimento de que decisões do Ministério da Saúde tomadas durante a nossa gestão fizeram com que o Brasil retomasse a liderança na resposta à AIDS com a nova estratégia de diagnostico rápido e tratamento precoces. Emocionei-me muito, em especial quero mandar essa mensagem aos nossos colegas do MOHAN, ao defender, na Assembleia Mundial da OMS, o retorno do compromisso com a eliminação da Hanseníase.
Com muito trabalho, novas tecnologias e parcerias, conseguimos reduzir os casos graves e os óbitos da dengue, comparados com 2010, apesar da introdução no Brasil, no fim daquele ano, do DEN 4.
Conheci o Jarbas em um ano que o Brasil poderia chegar a um milhão de casos de malária, no final dos anos 90. Esta foi uma das motivações para que eu largasse o que estava programado na minha carreira acadêmica para construir e coordenar o Nucleo de Medicina Tropical pela USP, no interior do Pará, para pesquisar, cuidar e ensinar sobre esta endemia.
Saio de cabeça erguida, e agradeço a você, Jarbas, e a todos os secretários de Saúde em nome do Wilson Alecrim, e aos secretários municipais de Saúde da Região Amazônica, pois, nos últimos três anos, reduzimos sucessivamente os casos de malária, atingindo a menor incidência desta doença em toda a história do Brasil .
O que era um milhão de risco de casos no final dos anos 90, atingiu 150 mil casos em 2013.
Antônio Alves e Mariana, foi emocionante para mim, poder retornar ao povo Zo’É depois de mais de dez anos.
Cuidei daquele povo em uma época em que ele corria o risco de ser dizimado. Nestes quase 15 anos, restabelecemos a saúde daquele povo, que hoje conta com centro cirúrgico estruturado dentro da aldeia e diferente de outras etnias, vive sem hipertensão e diabetes e nem colesterol alto. Com tudo isso, nos último 15 anos, a população que estava para ser dizimada, dobrou de tamanho, mas só foram registrados dois óbitos infantis.
E, aos críticos do MAIS MÉDICOS, lembro que nenhum dos médicos que atuam naquela área tem proficiência em língua Zo’ É. Mas todos usam aquilo que deve ser universal em todos nós médicos: o compromisso de vencer qualquer obstáculo quando se trata de aliviar o sofrimento humano e salvar vidas do nosso povo.
Agradeço ao André Longo e a toda a diretoria e técnicos da ANS e ao DataSUS pela ousadia e pelo aprimoramento na gestão da informação que propiciaram recordes sucessivos no ressarcimento ao SUS.
Em três anos, conseguimos recuperar para o SUS das operadoras de plano de saúde mais do que os 10 anos anteriores de existência da ANS.
A ousadia de estabelecermos um método de monitoramento de prazos de atendimento pelo usuário e sermos a primeira agência reguladora no Brasil a tomar medida de suspender o direito de venda, foi algo seguido por outras setores que buscam a garantia dos direitos do consumidor. Agradeço a vocês e a toda a nossa equipe da Assessoria Parlamentar por termos criado e aprovado a lei que proíbe o cheque caução nas urgências e esse era um dos nossos compromissos.
Mais do que agradecer, quero dar um grande abraço na alma deste símbolo de como conduzir uma gestão com compromisso, seriedade, ética e elegância, minha querida Márcia Amaral.
Sei de todo o seu esforço pessoal e sou muito grato a você. Não teríamos conseguido nada disso sem você. Agradeço a você, ao Odorico e a toda a secretaria executiva e a SEGEP por marcos de modernização da gestão deste período: o Índice de Desenvolvimento do SUS, o IDSUS, o mapa da saúde, o Portal da Transparência que permite que cada cidadão possa ver os recursos que são aplicados pelo Ministério da Saúde em estados e municípios, a regulamentação dos fundos de saúde, o sistema de relatórios locais de gestão, o Decreto que regulamenta a lei orgânica do SUS, a economia na compra de medicamentos, os novos mecanismos de controle estabelecidos, o uso da RDC na Saúde.
Fomos incansáveis no combate ao desperdício na saúde e quero agradecer a toda a equipe do DENASUS por isso e com esse esforço de criar novos instrumentos de gestão e controle sabemos que iniciamos mudanças profundas para o SUS.
Não posso falar em combate ao desperdício sem falar do Gilson e toda Diretoria da FUNASA. Muito obrigado por ajudar a reescrever uma nova história para esta instituição a qual eu servi.
Sabemos do desafio inconcluso do financiamento do SUS. Agradeço, entretanto, a Presidenta Dilma que, com todo o seu esforço, sempre garantiu um orçamento crescente para a Saúde. E quero agradecer aos parlamentares por nos apoiar na decisão de reservar 25% dos royalties do pré-Sal para investimentos na saúde. E à presidenta pela aprovação dessa medida. Os royalties do pré-Sal serão a primeira nova fonte de recursos para a Saúde, desde que o Ministério da Saúde perdeu – da noite pro dia – nada menos que 40 bilhões de reais por ano com o fim da CPMF. Esses novos recursos não seriam possíveis se não fossem a compreensão e o desprendimento do nosso Congresso, dos nossos deputados e senadores com quem tive sempre o prazer de dialogar em alto nível. Com os parlamentares nesses dez anos de Brasília, aprendi a lição: quando as alianças partidárias são amparadas por conversas transparentes e bons programas, o resultado é duradouro. Sou filho de pais que lutaram e foram torturados na ditadura. O primeiro abraço que dei no meu pai, eu já tinha 7 anos de idade, no ano da volta do irmão do Enfil, depois de anos de cartas gentilmente trazidas pela rede solidária da resistência democrática. Até os 4 anos de idade, eu e minha mãe não vivíamos em casa fixa. Nada me honra mais do que a historia da minha família, cuja integridade, ética e compromisso foram forjados em tempos muito difíceis. Mas comecei na política já na democracia. Sou daqueles que acredita que uma pessoa cresce mais quando escuta e se convence de uma opinião diversa do que quando a derrota. E vivi muito isso no diálogo com os parlamentares, empresários e trabalhadores e gestores nestes 10 anos de Brasília.
Foi seguindo essa linha, de reconhecimento da importância das alianças, de respeito ao fortalecimento dos municípios e de implantação de mudanças negociadas, com muito diálogo, que ajudei o governo Lula a tornar realidade alguns dos programas que hoje deslancham no governo da presidenta Dilma. No Ministério de Relações Institucionais da Presidencia da República, engajamos os prefeitos, empresários e trabalhadores do Conselhão no Programa de Aceleração do Crescimento: sempre focado na melhoria da infraestrutura, mobilidade urbana e habitação. Criamos, com eles, as bases para a expansão do Minha Casa, Minha Vida, que chegará ao final deste ano com milhões de unidades entregues.
Agora, dez anos depois, tendo participado dos principais programas de dois governos que mudaram o País, recuperando seu crescimento e aumentando o emprego, preciso fazer um agradecimento especial ao presidente Lula. Em especial, à confiança que depositou em mim, em 2009, ao me escalar como o mais jovem ministro de seu governo. Também sou enormemente grato à presidenta Dilma, de cujo governo também fui o mais jovem ministro, por ter me dado a maior honra que um médico que luta pela vida pode vir a ter: a de ser o ministro da Saúde do meu País.
Por falar em médico, quero agradecer às duas instituições que me formaram: a Unicamp, onde fiz medicina, está aqui o diretor Mário Saad, e a USP, onde me tornei infectologista, está aqui o diretor Giovani Cerri e o professor Silvano Raia. É um agradecimento especial a essas duas instituições e ao conselho regional de medicina do estado de São Paulo, porque no momento inicial do debate do Mais Médicos, quando algumas vozes da intolerância chegaram a propagar falsas notícias sobre a validade da minha formação, ambas se posicionaram formalmente em minha defesa e da própria instituição. Não esperava outra coisa da Faculdade de Medicina da USP, professor Giovani Cerri, porque para servir à instituição desloquei-me um período da minha vida à região Amazônica, para onde ajudei a estender o campo de atuação da nossa Universidade de São Paulo. Era movido pela vontade de cuidar das pessoas, expandir o campo de pesquisa, mas, sobretudo, ajudar a nossa Universidade de São Paulo a formar médicos – como diz o professor Adib Jatene – especialistas em gente.
Quero agradecer ao meu colega Arthur Chioro. Primeiro, pela longa parceria, como secretario municipal de Saúde de São Bernardo e como presidente do Cosems de São Paulo. Agradeço também ao prefeito Luiz Marinho por ter indicado Arthur Chioro como secretário de saúde de São Bernardo.
Eu disse na sexta, mas vou repetir. A Mirian tinha uma missão muito importante que era coordenar acompanhar todos os investimentos e projetos assim que o Luiz Marinho assumiu a prefeitura de São Bernardo do Campo e nós ajudávamos a Miriam pela SRI. Eu disse ao Marinho que eu ia ajudar o Marinho em qualquer situação, mas com o Arthur Chioro como secretário e agora com a Odete como secretária, essa ajuda é de um prazer enorme.
Nem todos sabem, mas o Arthur foi decisivo na criação do Samu pelo então ministro Humberto Costa, que nos dá a honra de estar aqui hoje. Nestes três anos, renovamos e modernizamos o Samu e criamos a Força Nacional do SUS, para socorrer e apoiar a população em casos de catástrofes e tragédias, como aconteceu, há um ano, em Santa Maria. Expandimos o Samu pelo interior. Hoje o Samu cobre regiões onde moram 140 milhões de brasileiros. As ambulâncias e os serviços são doações do Ministério, mas esse é um serviço que exige a integração dos três níveis públicos. Querido Arthur, você que foi secretário de Saúde de São Bernardo do Campo infelizmente sabe que, se não fosse a participação exclusiva dos governos federal e municipal, a sua cidade não teria Samu. Querido Arthur, eu que cantei essa bola no dia 13 de dezembro, ao final da visita da Presidenta Dilma àquela obra típica do HumanizaSUS, o Hospital de Clínicas Municipal José de Alencar, para o qual batalhei tanto, desde o tempo de ministro do presidente Lula, saio com a consciência mais leve e alegria na alma ao ver que você, a partir de hoje, será a autoridade máxima em Saúde do único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que ainda mantêm o compromisso de buscar uma saúde pública, universal e gratuita. Arthur, todos nos que defendemos a vida e o SUS confiamos muito em você.
Por fim, em nome da minha mulher, Thássia, agradeço a toda a minha família e amigos. Hoje me despeço de dez anos de trabalho em Brasília. Volto com muito mais experiência, conhecimento e espírito público para meu querido Estado de São Paulo. E, preparem-se, porque eu volto com o couro muito mais curtido.
Termino aqui, com a mesma frase que enviei aos meus colegas de departamento de doenças infecciosas da Faculdade de Medicina da USP, há 10 anos, quando me integrei ao esforço do presidente Lula de construir um novo país. É um verso de Antônio Nobrega, um Pernambucano tão bem acolhido na minha São Paulo: “Licença que eu vou rodar no carrossel do destino.”
Muito obrigado trabalhadores colegas de ministério. Em especial àqueles que muitas vezes ficaram distantes da família, do almoço, do descanso, do fim de semana. Motoristas, cerimonial, gabinete, Ascom, Assessoria Parlamentar, Assessoria Internacional, Jurídico, Núcleo de informação, os dois gabinetes volantes que são o Felipe e Andre Segantin, a Eliane Cruz, que é a chefe de gabinete, essas são as pessoas que não deixaram esse Alexandre, o chamado ‘abacaxi’, nunca desanimar. Obrigado pelo empenho, pelas horas investidas, pelas orações. Nada teria acontecido sem vocês.
Obrigado presidenta Dilma por eu ter sido ministro da Saúde do meu país! Um grande abraço!
Muito obrigado presidenta Dilma.
Ao transferir cargo, Padilha agradece a presidenta Dilma e equipe do Ministério da Saúde
Nesta segunda-feira (3), Alexandre Padilha passou o cargo de ministro da Saúde para o médico sanitarista Arthur Chioro; leia íntegra do discurso Em evento realizado