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Por Alencar Santana Braga*
Preconceito vem da junção de duas palavras: pré + conceito, ou seja, uma ideia antecipada, normalmente de cunho discriminatório, daquilo que o observador ainda não conhece.
É exatamente isso que a maior parte da classe médica e o Conselho Federal de Medicina vêm disseminando pelos quatro cantos do país referente a vinda dos médicos cubanos para atuar nas regiões mais pobres do interior e nas periferias dos grandes centros urbanos, através do programa Mais Médicos.
Numa atitude de puro preconceito, desqualificam os profissionais, dizem que não poderão atuar no país e que não possuem conhecimento e competência para a prática da medicina.
Mas a experiência mostra o diferente. Médicos de lá atuam em 58 países, como Portugal, onde a medida foi aprovada pelo povo e a parceria renovada sob pressão popular.
Percebemos um discurso preconceituoso focado nos médicos cubanos. Uma atitude contrária que parece xenofobia. Não é da cultura brasileira o preconceito com outros países. Pelo contrário, recebemos estrangeiros de portas abertas, sejam cidadãos, empresas e profissionais para trabalharem aqui. Vamos mandar as empresas embora que aqui lucram e remetem parte do dinheiro ao exterior?
Não estamos e não somos contrários aos médicos brasileiros. Mas se eles, que possuem prioridade no programa, não querem atender ao chamado do governo para atuar nas regiões mais necessitadas, porque os cubanos não podem vir, como vieram outros estrangeiros? Não podemos permitir que interesses corporativistas se sobreponham ao interesse público ou que a disputa ideológica prevaleça em detrimento da saúde.
Os médicos que vierem serão avaliados e só trabalharão no Brasil os que estiverem aptos. Eles vêm para ajudar a população brasileira, como disse a médicas Jaiceo Pereira: “Somente queremos ajudar e apoiar, dar saúde a todas aquelas pessoas que não tem acesso aos serviços médicos”.
É acertada a atitude do governo brasileiro, em especial do ministro Alexandre Padilha, que desde o início vem enfrentando a resistência de grande parte da classe médica e não titubeou em defender a necessidade da população brasileira.
Já passou da hora dos grupos conservadores e da classe médica aceitarem que existe sim a necessidade de mais médicos e que ninguém virá para tomar seus lugares. Pelo contrario, vão preencher uma lacuna que os brasileiros, quando se recusam a trabalhar nas periferias, por exemplo, deixam no próprio país.
Que os cubanos venham, sejam bem recebidos e que possam realizar seu trabalho pela saúde pública dos brasileiros sem qualquer tipo de discriminação e preconceito.
* Alencar Santana Braga é advogado e deputado estadual pelo PT/SP.
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