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120313
A morte de Hugo Chávez completa hoje uma semana, mas o pesar dos venezuelanos ainda deve durar muito tempo. Pelo menos é o que dão a entender as imagens do mar vermelho de camisetas que tomou conta das ruas de Caracas após sua morte. É impossível não se emocionar com a mobilização, que homenageia a luta de um genuíno líder de esquerda interessado em retirar seu país da letargia provocada pela subserviência histórica aos interesses do mercado internacional.
Ao lado do ex-presidente Lula, porém de maneira mais enfática, Chávez foi um dos grandes incentivadores de um movimento de ressurreição dos governos de esquerda na América Latina, que havia sido paralisado por conta de sucessivos golpes de estado liderados por militares, e apoiados pelo Estados Unidos, a partir dos anos 60. Golpes de estado que, nunca é demais lembrar, patrocinaram a morte de milhares de inocentes dentro de quartéis e prédios das forças armadas.
Embora ainda existam alguns rompantes do autoritarismo de outrora, a situação atual é bem diferente. Isso permitiu a chegada ao poder de um grupo de políticos eleitos democraticamente, que rasgou a cartilha neoliberal, detentora até então das regras econômicas no continente, substituindo-a por um conjunto de ações voltadas à redução da pobreza, à inclusão social e à distribuição de renda.
No caso específico da Venezuela, as mudanças dos governos de Chávez foram profundas. Graças aos recursos obtidos com a venda de petróleo no mercado externo, ele promoveu uma revolução que reduziu a pobreza de 49% para 27%, e erradicou o analfabetismo no país, uma medida que tenho certeza surtirá impacto na melhoria dos demais indicadores sociais ao longo dos próximos anos. Implementou também um sistema público de saúde, antes inexistente.
Na política externa, Chávez ofereceu apoio financeiro a Cuba, país sufocado um embargo comercial há mais de 50 anos, e mediou um acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc. Anti-imperialista, mas acima de tudo anti-americano, ele também foi um crítico feroz do governo do ex-presidente George W. Bush, pelas atrapalhadas intervenções de guerra no Oriente Médio, que custaram a vida de milhares de inocentes.
Chávez foi um líder comprometido com seu povo e com a integração latino-americana, sendo, porém, atacado por setores de oposição de populista e até de fanfarrão, que não aceitava e não aceita as transformações sociais, políticas e culturais em marcha na Venezuela. Convicto de sua missão, jamais abandonou os ideais propostos no início de sua “revolução socialista bolivariana”, que ainda está em curso e deve ser levada adiante. Ideais hoje reconhecidos por todos os venezuelanos que vestem suas camisas vermelhas e andam orgulhosos pelas ruas de Caracas, com a expectativa de um futuro cada vez melhor para toda a população.
* Alencar Santana Braga é deputado estadual e líder do PT na Assembléia Legislativa

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As camisas vermelhas de Chávez