Brasil é única grande economia em desaceleração, aponta OCDE
Por Assis Moreira, Valor — Genebra
13/04/2021 – 08h15
Os indicadores compostos avançados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para março apontam “abrandamento do crescimento” no Brasil. É a única grande economia que aparece com desaceleração, enquanto em todas as outras a situação varia entre “crescimento constante” ou “aumento da expansão”.
Em contraste com a tendência global, os indicadores para o Brasil declinaram 0,32 ponto em março comparado ao mês anterior, na única nota negativa entre as maiores economias monitoradas pela OCDE. A pontuação brasileira, que era de 103,6 em janeiro, caiu para 103,5 em fevereiro e agora para 103,1.
O sistema de indicadores compostos avançados da OCDE é concebido para sinalizar com antecedência os pontos de virada do ciclo econômico — flutuações de produção ou da atividade econômica em relação ao seu potencial de longo prazo.
Quatro fases cíclicas são definidas. Na “expansão”, o indicador aumenta e fica acima de 100; na “inflexão”, o indicador diminui, mas continua acima de 100; na “desaceleração”, há uma baixa para menos de 100; e na “retomada”, o indicador aumenta, mas ainda fica abaixo de 100.
Isso significa que a economia brasileira continua na rota de crescimento, mas que a tendência é de ritmo menor.
No geral, os indicadores da OCDE, projetados para antecipar pontos de virada na atividade econômica em relação à tendência, continuam a se fortalecer na maioria das grandes economias.
Segundo a OCDE, os indicadores continuam a aumentar a um ritmo constante nos EUA, impulsionados pela expansão da confiança do consumidor. No Japão, Canadá e na zona do euro como um todo, particularmente na Alemanha e Itália, os indicadores também apontam agora para um aumento constante. Na França, e agora no Reino Unido, a sinalização é de crescimento estável.
Entre as principais economias emergentes, os indicadores para Índia, Rússia e para o setor manufatureiro da China também apontam expansão a um ritmo constante, “mas, no Brasil, apontam para um abrandamento do crescimento”.
A OCDE reitera que os indicadores devem ser interpretados com cuidado, pois as medidas de fechamento provocadas pelo covid-19 e o progresso das campanhas de vacinação provavelmente gerarão flutuações maiores do que o normal nos componentes. Para a OCDE, a magnitude dos indicadores deve assim ser considerada como uma indicação da força do sinal e não como uma medida do grau de crescimento da atividade econômica.