Nascer e viver em Guarulhos não era motivo de orgulho até um tempo atrás
Por Carlos Eduardo Moreira *
Aprendi que preconceitos são uma praga. E, dentre tantos com os quais convivemos existe aquele em relação à naturalidade das pessoas. Não suporto o paulista que detesta o carioca “por detestar” e vice-versa, ou argentino, ou baiano, o que for, simplesmente pela origem geográfica do outro. Por isto me sinto à vontade para afirmar que o título deste texto não tem a pretensão de colocar o seu autor em posição de superioridade a pessoas não nascidas na Cidade de Guarulhos, muito pelo contrário, somos todos cidadãos do mundo e sendo Guarulhos a porta de entrada da maior cidade da América Latina, saúdo todos aqueles que de alguma forma fazem esta cidade pulsar, ir adiante. Por outro lado, este depoimento quer demonstrar claramente o quanto nossa cidade mudou nos últimos anos, e tende a mudar ainda mais, e para melhor.
Nascer e viver em Guarulhos não era motivo de orgulho até um tempo atrás. Tida como subúrbio industrial da Capital, a cidade se resumia a ser o território onde estava abrigado o Aeroporto Internacional de São Paulo e a Rodovia Rio-São Paulo, a famosa Dutra, uma das principais do País. Este é o gancho para a minha pequena história.
Hoje pertinho dos quarenta, vivi minha infância e adolescência entre os anos 1980 e 1990, e devo dizer que era um tempo difícil para falar de peito cheio que eu era de GUARULHOS. Na época, a falta de opções culturais e de lazer na cidade – as que mais angustiam os adolescentes – era certamente o que mais pesava para dizer em outras paragens que eu era simplesmente de São Paulo (sem precisar se falava do Estado ou da Capital). A falta de infraestrutura básica como asfalto na maior parte do município e também a ausência de símbolos que nos identificassem com esta terra também eram, imagino, causas desse fenômeno, tão flagrante que era comum as pessoas licenciarem seus veículos com placas da Capital, em endereços de parentes, sem saber que estavam drenando receitas genuinamente guarulhenses para outro destino.
Mas isto mudou. Por mais que “datenas” e “sheherazades” insistam em só retratar nossa Guarulhos com a pauta pesadíssima da violência, hoje é possível dizer orgulhosamente em alto e bom som: “Sim, sou de Guarulhos”. Temos um belo equipamento cultural, o Adamastor, que traz os melhores espetáculos da vizinha Sampa, belos parques como o Bosque Maia e o Lago dos Patos, revitalizados, e outros virão. Até uma ponte estaiada mostramos diariamente ao mundo, para provar que também estamos na crista da onda em matéria de estilo. E tem muito mais vindo por aí, muito a fazer, é claro, mas caminhamos a passos largos rumo ao futuro.
É, para quem jamais imaginou, naqueles anos 80 e 90, que o PT chegaria ao Poder nestas plagas, é um alento ver a transformação de nossa cidade e o futuro glorioso que nos espera!!!
É isto aí.
* Carlos Eduardo Moreira, 39, é advogado e assessora o deputado estadual Alencar Santana Braga
Crônica de um guarulhense
Nascer e viver em Guarulhos não era motivo de orgulho até um tempo atrás