Neste domingo, os confrontos violentos entre torcedores de dois clubes paulistas em pelo menos quatro pontos da Grande São Paulo, e a morte por arma de fogo, atribuída a disparos executados por um torcedor durante uma briga na Estação São Miguel da CPTM, trouxeram à tona novamente a discussão sobre as torcidas organizadas.
Porém, o Governo do Estado parece se aproveitar da situação para investir contra torcedores que não estiveram envolvidos com os atos de violência e selvageria e querer utilizar os fatos para fazer política e para calar os protestos que vêm acontecendo dentro dos setores ocupados pelas organizadas.
Analisemos o contexto dos fatos.
As brigas aconteceram fora dos estádios, em locais públicos e onde é dever da Polícia Militar e dos agentes da CPTM e do Metrô fazerem a segurança tanto dos torcedores a caminho do estádio quanto da população em geral.
No entanto, o Governo do Estado, através do Secretário de Segurança Pública, Alexandre Moraes, e o Ministério Público, anunciam medidas como a proibição de torcidas rivais em clássicos e em jogos entre grandes clubes e a polêmica proibição de faixas por torcedores, incluindo as utilizadas por torcedores da Gaviões da Fiel nos últimos jogos que, de forma ordeira e pacífica, protestavam contra os monopólios de televisão sobre o futebol, em especial contra a Rede Globo, e também os desvios de verbas da merenda escolar.
Neste último caso, um escândalo que envolve diretamente integrantes do Governo e aliados, o que fundamenta a tese de uso político dos fatos deste final de semana, um desrespeito com a maioria dos torcedores e também com a família da vítima em São Miguel.
E dentro deste caldo, acrescenta-se o ainda não bem explicado espancamento de dirigentes da Fiel, acontecidos há alguns dias, coincidentemente na mesma semana em que se iniciaram os protestos nas arquibancadas, e a “invasão” da Sede da mesma torcida, nesta semana, por forças policiais, um dia depois de membros terem ido à porta da Assembleia Legislativa pedir a instauração da CPI da Merenda.
Dessa forma, mesmo condenando qualquer tipo de violência, não podemos aplaudir cegamente as medidas anunciadas pelo Governo Alckmin e nos omitir. A culpa deve ser divida, tanto dos acontecimentos quanto da morte.
Equivalente a mais um gol da Alemanha contra nós é a cortina fumaça criada para esconder a inoperância e ineficácia do Governo Estadual em combater a violência entre torcedores.
Sendo São Paulo o mais rico ente da federação e com todos o avanços tecnológicos, não seria possível uma inteligencia da polícia paulista para identificar os agressores?
Assim, uma ação correta por parte da Polícia Civil é a identificação dos vândalos e agressores, assim como do assassino, e a instauração dos processos criminais cabíveis.
Esta seria uma resposta razoável, ao contrário da simples condenação de milhares de pessoas que vão aos estádios todos os finais de semana, pois os atos cometidos nas ruas desvelam a falência das forças de segurança do Governo do Estado de São Paulo, sob o comando de Geraldo Alckmin, e não devem ser utilizados para incriminar o futebol paulista e brasileiro.
Os bons torcedores não podem ser vítimas da falência do Estado
Neste domingo, os confrontos violentos entre torcedores de dois clubes paulistas em pelo menos quatro pontos da Grande São Paulo, e a morte por arma