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Presidenta comparou o preparo que fez o nordestino resistir à maior seca da história recente e a situação em São Paulo, onde a falta de investimento ameaça o abastecimento
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A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e de diversos movimentos sociais fizeram ato, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, em defesa da continuidade das políticas que vêm favorecendo a população do Semiárido nos últimos 12 anos, no centro de Petrolina (PE), na manhã desta terça-feira (21).
A presidenta lembrou das ações que permitem o agricultor familiar conviver com a seca e comparou com a situação vivida atualmente em São Paulo. “O estado mais rico do Brasil, São Paulo, não se preparou para a seca. Vocês do Nordeste, se prepararam e hoje, diante da maior seca do País, têm condições de viver aqui. Foram 1 milhão de cisternas contra a seca que vocês construíram conosco”, continuou a presidenta.
Segundo a entidade, a ida da presidenta atendeu a um chamado de mais de três mil organizações da ASA, que quiseram manifestar o apoio à reeleição. O ato reuniu mais de 50 mil pessoas.
“Nós estamos aqui, presidenta Dilma, porque nenhum nordestino, nenhum sertanejo, nenhum caatingueiro, nenhum quilombola, nenhum ribeirinho, nenhum pescador vai admitir qualquer retrocesso no Semiárido”. Esta foi a afirmativa que a presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ouviu de Maria Cazé, dirigente nacional do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), ontem pela manhã (21), em Petrolina (PE).
O acesso à água, a distribuição de renda e o acesso ao ensino superior foram destaques nas falas nas ruas e nos palcos durante o Ato. “Nós temos possibilidade de moradia, nós temos água, nós temos assistência técnica, nós temos crédito. Nós temos uma gama imensa de programas e políticas, presidenta, que mudaram a realidade de vida dessa população. O que nós queremos é que estas coisas todas continuem”, disse Naidison Quintella, da Coordenação Executiva da ASA.
Mas, ao declarar o apoio, Naidison também trouxe reivindicações pactuadas por todos os movimentos envolvidos: “Nós queremos também expressar alguns desejos e alguns sonhos que ainda temos em relação ao Semiárido”, citando anseios como uma Reforma Agrária adequada ao Semiárido, a garantia dos territórios das comunidades tradicionais, a revitalização do rio São Francisco, mais crédito para a Agricultura Familiar e a diminuição do uso de agrotóxicos “que contaminam as nossas vidas.”
O Ato contou com a participação de caravanas de todos os estados que integram o Semiárido brasileiro: Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Ceará, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão e Minas Gerais. Estavam representados/as agricultores/as, sindicatos e federações de trabalhadores/as, movimento estudantil, pastorais, grupos de jovens, prefeituras, partidos políticos, organizações do campo e da cidade.
Veja abaixo a íntegra do manifesto da ASA, em apoio a Dilma
Nós, povos do Semiárido, nos reunimos para dizer ao Brasil – em especial àqueles que preconceituosamente afirmam que o voto dos nordestinos/as é o voto dos desinformados/as – que somos brasileiros/as e não nos consideramos superiores e nem inferiores ao povo de nenhuma outra região. Somos brasileiros/as e, como tais, temos o direito de votar em quem quisermos e sermos respeitados/as por isso, assim como respeitamos o direito de escolha dos companheiros/as do sul, do centro ou de qualquer outra região do País.
Queremos dizer também que se vivemos em uma situação diferenciada e de mais pobreza, isso se deu em virtude das políticas eleitoreiras e de combate à seca, de concentração e de exclusão que foram dirigidas ao Semiárido e ao Nordeste, e não por conta da nossa natureza e/ou falta de inteligência e de capacidade. Esta situação de exclusão e miséria só começou a ser sanada com políticas adequadas à nossa realidade e que trazem sustentabilidade e desenvolvimento para todos/as e não apenas para alguns.
Nos últimos 12 anos nossa situação mudou significativamente para melhor e queremos que esta mudança continue, se aprofunde e cresça, nos tirando efetivamente da exclusão. Neste contexto, nosso voto é inteligente e expressa o País em que acreditamos.
Queremos um País que cresça por igual e não apenas em algumas regiões.
Queremos justiça.
Queremos partilha dos bens e oportunidades para todos e todas.
Este não é o voto dos grotões. É um voto claro, aberto, explícito e cidadão.
Votamos em Dilma, sim!
Votamos na política que avaliamos como importante para o País, para o Semiárido e para o Nordeste.
Durante séculos vivemos às margens da educação básica, do acesso à terra, à água e aos territórios, da assistência técnica, do crédito, da moradia, da eletrificação, do saneamento, da universidade, do Seguro Safra, de beneficiar e comercializar nossos produtos. No Semiárido, só quem tinha direito a essas coisas era uma pequena minoria de privilegiados/as que nos exploravam e que enriqueciam mais e mais a cada estiagem.
Hoje, isso mudou. Verdade que não mudou totalmente, mas mudou de modo considerável, melhorando sensivelmente a nossa vida.
Hoje são 100 mil famílias que vivem no Semiárido produzindo alimentos de qualidade e saudáveis. O crédito para agricultura familiar passou de R$ 3 bi (há pouco mais de 10 anos) para R$ 23 bi atuais. Beneficiamos e vendemos nossos produtos. Nossos filhos – mesmo nas comunidades rurais mais afastadas – têm mais acesso à educação e estão nas universidades e escolas técnicas. Temos também mais assistência técnica para a produção e assistência médico-hospitalar.
Atravessamos, nos últimos três anos, uma estiagem cruel e dura, em que não morreu nenhum filho ou filha do Semiárido em decorrência disso. Tampouco precisamos trocar votos por água, enquanto em outras estiagens milhares de pessoas pereceram de fome.
Nosso voto quer dizer ao Brasil que conquistamos muitos direitos, mas que queremos manter e aprofundar todas essas conquistas e ir além, pois ainda nos resta muito a conquistar. Nosso voto também significa que não queremos a volta de um Brasil onde desemprego, fome e miséria são naturalizados.
Para o Semiárido Mudar Mais queremos Dilma, sim.
Queremos uma reforma agrária adequada ao Semiárido. Para incluir milhares de famílias ainda excluídas devemos garantir a elas o acesso a terra, com crédito, assistência técnica, acompanhamento sistemático e garantia de comercialização de seus produtos.
Queremos a delimitação e garantia dos territórios dos povos indígenas e das populações tradicionais. Sem seus territórios, esses povos permanecem à margem dos processos de desenvolvimento.
Queremos que todas as famílias que tiveram acesso à água para consumo humano tenham também água para produzir alimentos, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional das mulheres e homens da região.
Queremos que sejam tomadas medidas urgentes para que o Brasil deixe de ser o maior consumidor mundial de agrotóxicos, garantindo mais saúde para todas as regiões do País.
Queremos superar as desigualdades entre mulheres e homens, deixando para trás as situações de violência que se impõem sobre as mulheres, que no Semiárido têm como pano de fundo a divisão sexual do trabalho.
Queremos a democratização dos meios de comunicação para que possamos ter instrumentos de reafirmação da identidade e de fortalecimento das lutas pelos nossos direitos.
#PeloSemiáridoDilma13
 
Assinam:
Articulação Semiárido Brasileiro
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Federações dos Trabalhadores na Agricultura
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Atingidos por Barragens
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Da Redação da Agência PT de Notícias

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